Quando a canadense Carly Fleischmann tinha 2 anos, seus pais
perceberam que ela se desenvolvia de forma diferente de sua irmã gêmea –
não olhava para o rosto das pessoas, gritava com frequência, balançava o
corpo para a frente e para trás por horas seguidas e não havia
aprendido a falar ou a andar. Pouco depois veio o diagnóstico: uma forma
severa de transtorno do espectro autista (TEA). Ela foi submetida a
intervenções terapêuticas desde cedo, mas aparentemente apresentava
poucos resultados.
No entanto, como conta seu pai, Arthur Fleischmann, aos 11 anos a
menina surpreendeu a família e médicos e psicólogos que a acompanhavam:
sentou-se um dia na frente do computador e, controlando os braços que
insistiam em tremer, digitou as palavras “dor” e “ajuda”. Até então ela
nunca havia dito ou escrito nada. Aos poucos, começou a escrever frases
completas, lentamente, mas com fluência. “Se eu não bater a cabeça,
parece que meu corpo vai explodir! É como se lutasse com meu cérebro o
tempo todo”, digitou. Segundo relata, sua mente se sobrecarrega com
sons, luz, sabores e aromas.
Hoje, aos 17 anos, Carly ofereceu informações para criar um site que
simula a “descarga sensorial” que recebe em situações cotidianas, como
ir a uma lanchonete – “Criamos saídas para bloquear a entrada excessiva
de informações”, explica sobre alguns movimentos estereotipados de
pessoas com autismo, como balançar os braços e girar o corpo.
Ao conferir a página da adolescente – que também escreveu, junto com
seu pai, um livro sobre sua história, A voz de Carly (2012, sem edição
em português) –, tem-se uma ideia de como eventos simples envolvem uma
quantidade desgastante de estímulos para alguém com autismo:
www.carlyscafe.com
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