Remédios antipsicóticos são receitados em quase uma em três visitas de
crianças e adolescentes ao psiquiatra nos EUA. Na década de 90, só uma
em 11 consultas acabava com uma prescrição de medicamento dessa classe. A
comparação foi feita em um novo estudo publicado nesta semana na
revista "Archives of General Psychiatry".
Os diagnósticos de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade
respondem por boa parte do aumento nas receitas dos antipsicóticos,
ainda que não haja medicamentos dessa classe aprovados nos EUA para
tratar esse o problema.
"Eles são usados para esquizofrenia, transtorno bipolar e irritabilidade
no autismo. Nenhuma é aprovada para deficit de atenção", afirmou Mark
Olfson, autor principal da pesquisa e professor de psiquiatria clínica
na Universidade Columbia, em Nova York.
De acordo com o trabalho, 90% das prescrições de antipsicóticos para
crianças e adolescentes nas consultas entre 2005 e 2009 foram "off
label": os remédios foram receitados para algo diferente do uso aprovado
pela agência de vigilância sanitária americana (FDA).
USO DE ANTIPISICÓTICOS CRESCE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NOS ESTADOS UNIDOS
Apesar de o estudo não conseguir dizer se as receitas eram
desnecessárias, a eficácia de antipsicóticos no tratamento de deficit de
atenção e hiperatividade não é provada. Esse remédios também já foram
ligados a ganho de peso e diabetes.
No ano passado, um estudo feito pela Universidade de Massachusetts
mostrou que crianças usuárias de antipsicóticos tinham quatro vezes mais
risco de desenvolver diabetes do que as que não usam.
Em setembro, um conselho da FDA levantou questões preocupantes sobre
essas drogas e pediu à agência que monitorasse o ganho de peso e outros
problemas metabólicos em crianças usuárias de antipsicóticos.
ALTERNATIVAS
Para o estudo, Olfson e seus colegas usaram informações sobre quase 500 mil consultas médicas nos EUA entre 1993 e 2009.
As receitas de antipsicóticos aumentaram em todas as faixas etárias,
incluindo entre os adultos. Entre crianças e adolescentes, no entanto, o
aumento foi mais rápido.
O número de crianças recebendo receitas de antipsicóticos aumentou de
0,24 a cada 100 pessoas entre 1993 e 1998 para 1,83 a cada 100 pessoas
entre 2005 e 2009. Entre adolescentes, o número foi de 0,78 por 100 nos
anos 90 para 3,76 em 100 na década de 2000.
"Há poucas dúvidas sobre o fato de essas drogas estarem sendo mais receitadas para crianças do que antigamente", afirmou Olfson.
Esses números só representam os casos em que o atendimento aconteceu em
um consultório, excluindo clínicas, centros comunitários e outros
centros médicos.
Os pesquisadores não sabem por quanto tempo as pessoas tomaram os
remédios e se as receitas eram dadas para o mesmo paciente em sucessivas
consultas.
O autor do estudo afirmou esperar que os pais façam mais perguntas sobre
os antipsicóticos e sobre a possibilidade de outros tratamentos.
Olfson disse que intervenções comportamentais podem controlar
comportamentos agressivos das crianças, mas destaca que esse tipo de
terapia é mais caro e leva mais tempo.
"Talvez, se isso estivesse mais disponível, não estaríamos vendo um uso tão grande de medicação."



Eu tinha um vizinho que, com cerca de seis anos de idade era um menino muito inquieto, não parava um minuto de brincar e fazer bagunça. Eu sei que é normal da idade crianças fazerem "artes", mas essa em especial era mais agitada do que o normal. Com certeza, se fosse ao médico, iriam receitar qualquer coisa para ele tomar. Depois de uns quatro anos, ele está mais calmo e sereno, ou seja, era apenas algo da idade mesmo, um pouco mais agitado do que o normal, porém não seria necessário uso de medicamento nenhum.
ResponderExcluir