UMA HISTÓRIA DE AMOR E ÊXTASE
Por Hudson Eygo

Meu propósito aqui, contudo, não é o de abordar o filme,
mas sim de aproveitar a discussão do tema e provocar uma reflexão a
nível social e acadêmico. Deixo claro que não pretendo por meio deste
insight tentar resolver o problema, do contrário, quero mesmo é deixar a
questão no ar, em suspenso, para que juntos, possamos tentar chegar a
uma solução, ou não.
AFINAL, QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE DISCUTIR DROGAS NA UNIVERSIDADE?
Em
minha educação, nível fundamental e médio, o tema sempre foi muito
explorado. Haviam professores, coordenadores, palestrantes, até mesmo ex
usuários falando, e com propriedade, sobre o tema e seus agravantes. Na
minha formação acadêmica, a discussão perdura, e aqui, em algumas
matérias, digo dos cursos área da saúde, podemos até ver a fundo a ação
dessas substâncias no organismo. Mas de algum modo, parece que o aluno
se restringe a deixar o assunto apenas para a sala de aula, e falar de
drogas nos corredores parece obsoleto.
Ano de 2012, vivemos o
século do acesso à informação, e poucos se dão conta de que estamos
imersos em uma revolução tecnológica. Somos o mais longe que a evolução
já levou o ser humano, e até aqui, nos perdemos em questões ínfimas.
Parece que avançamos tanto em algumas áreas e em outras deixamos, e
sempre deixaremos, a desejar. Porque será que ainda hoje, precisarmos
gastar tempo e espaços, como este, para tratar de assuntos que já
deveriam estar bem esclarecidos. A questão é: Será que algum dia isso
vai mudar?
ATÉ QUANO SE DISCUTIRÁ SOBRE O USO DAS DROGAS?
O
problema é atual, e persistente. O tema é de extrema importância, e já
atingiu proporção: social, cultural, política, econômica e religiosa. Os
debates já chegaram à saúde, inclusive à saúde mental, prova disso são
os Centro de Apoio Psicossal Álcool e Drogas (CAPS AD) que se espalham
pelo país, a fim de atender também essa demanda. Mas quando se fala em
prevenção, acredito que o debate, não há como escapar disso, tem que
nascer no âmbito familiar.
Vale ressaltar que Debate: é uma
discussão entre duas ou mais pessoas que queiram apenas colocar suas
ideias em questão ou discordar das demais, sempre tentando prevalecer a
sua própria opinião ou sendo convencido pelas opiniões opostas.
Quando falo de que o debate tem que nascer no âmbito familiar, digo que:
pais, irmãos, tios, avós, primos, vizinhos, etc, devem juntos romper
com os preconceitos e conversar sobre o tema. O primeiro passo para a
solução de um problema, é a aceitação de que ele existe.
Ao se
falar de drogas, um dos problemas é que estamos acostumados à imagem
ruim que sempre é associada ao vicio, quando este é abordado pelas
mídias. A maioria das campanhas de conscientização quanto ao uso das
substâncias que causam dependência, apelam para o lado emocional, e
buscam aterrorizar a pessoas, em especial, os jovens. Tais campanhas
impõem o medo, imprimindo no inconsciente das pessoas a imagem social de
algo que elas não querem para si. Um exemplo claro disso, são as fotos
no verso das embalagens de cigarros hoje em dia.
MAS ONDE ESTÁ O ERRO NISSO?
Imagine
que em um belo dia, um jovem, por qualquer que seja a situação em que
está imerso, em algum determinado momento de sua vida experimenta um
cigarro de maconha, por exemplo, e surpresa, a sensação é muito melhor
do que ele poderia esperar. Nada de ruim. Do contrário, uma viagem
alucinante, muito diferente da imagem de miséria com a qual ele está
habituado. Desse ponto, até ele descobrir a realidade por trás do uso
das drogas, vai demorar muito tempo, aliás, tempo suficiente para tornar
o quadro muito mais difícil de ser revertido. E o pior, pode ser que
ele se torne um usuário moderado, e vir a nunca presenciar uma situação
que lhe provoque uma visão negativa a cerca do vicio. Isso, se ele se
tornar um usuário.
É essa a reflexão que o filme traz, afinal, a
sensação causada pelas substâncias alucinógenas não chegam nem perto
daquelas oferecidas atualmente pelos discursos das mídias, e neste caso,
o paraíso pode sim ser artificial.
O QUE ESTÁ ERRADO?
Não
quero aqui criticar o que já vem sendo feito pelas políticas públicas,
nem pelas ONG’s que trabalham dia e noite no auxilio a usuários, pelo
contrario, acredito que tem havido grandes avanços nesse campo, um
exemplo claro são os investimentos nas campanhas de redução de danos.
Mas, enquanto não superarmos o problema, não podemos nós conformar. Na
verdade, nem depois! O debate é atual, e tem que permanecer, a fim de
evitarmos reincidência.
Pretendo como esse texto, mostrar outros lados, aspectos, que também devem ser considerados ao se falar de drogadição.
Não
sei se o debate sozinho vai nos levar a algum lugar, sinceramente
espero que não. Mas sei que indiferente à situação não dá para
continuarmos. Estamos caminhando para um ponto onde, ou você é a favor,
ou contra, e nem aqui eu crítico. Acho mesmo que cada um, mediante suas
crenças, tem sim o direito de defender seu ponto de vista. Mas a questão
é que, até para se defender o uso das drogas, tem-se que ter, pelo
menos, um conhecimento básico a respeito do tema. Não estou fazendo
apologia ao uso de drogas, nem não fazendo. Fico indignado com aqueles
que apenas se negam ao debate (seja qual for o tema), ou se chocam com
as cenas mostradas pelo filme, que de maneira belíssima, provoca uma
reflexão sobre o problema.
Texto originalmente publicado em: http://ulbra-to.br/encena/2012/10/02/Paraisos-Artificiais-uma-historia-de-amor-e-extase
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