Por Denilson Paixão
Hoje falaremos
sobre a influência de época que ajudou a consolidar a abordagem
rogeriana em detrimento da psicoterapia rogeriana (MOREIRA, 2010). A
escolha do uso da palavra “abordagem” em contrapartida da palavra
“psicoterapia” diz respeito à evolução no foco de estudo, análise e
aplicação dos conhecimentos que levaram ao surgimento da Abordagem
Centrada na Pessoa (ACP), tendo esta um caráter mais coletivo, de grupo,
de cunho social!
Hoje falaremos
sobre a influência de época que ajudou a consolidar a abordagem
rogeriana em detrimento da psicoterapia rogeriana (MOREIRA, 2010). A
escolha do uso da palavra “abordagem” em contrapartida da palavra
“psicoterapia” diz respeito à evolução no foco de estudo, análise e
aplicação dos conhecimentos que levaram ao surgimento da Abordagem
Centrada na Pessoa (ACP), tendo esta um caráter mais coletivo, de grupo,
de cunho social!
Entre 1970 e 1987, é um período nomeado
por Moreira (2010) de “fase coletiva ou inter-humana” de Rogers. Este
período se situa no pós II Guerra Mundial e todo seu zeitgeist (espírito
de época). Este período pode ser caracterizado como emblemático pela
mudança de paradigma social, desde a quebra dos ideais de Ciência pura e
neutra (como é o caso do Tribunal de Nuremberg) aos movimentos de
contracultura.
Segundo Carpiteiro et. al. (1990):
“[...]
la Psicología Humanista se halla también vinculada a las
características sociales y a los valores culturales de las sociedades
occidentales en la década de los sesenta, y en particular de la sociedad
americana.” (p. 76)
“La llamada «tercera fuerza», que no
sólo se interesa por lo que la persona es en el presente, sino por lo
que pueda llegar a ser en cl curso dc su autorrealización, surgió en un
momento en el que muchos individuos de franjas importantes de la
población se cuestionaban valores tradicionales como el éxito a toda
costa, la dominación de unos países sobre otros Incluso por la guerra. y
la lucha económica contaminando el ambiente y destruyendo el equilibrio
ecológico del planeta. Semejante cuestionamiento existencial y la
búsqueda de nuevos horizontes políticos y éticos que abrieran paso a
aspiraciones de riqueza y calidad de vida más genuinas. coadyuvaron de
manera fundamental a configurar el contexto social, colectivo, que
propició el nacimiento de la Psicología Humanista. (pp. 76-77)
Deste
modo, podemos ver que, neste ponto, as teorizações rogerianas vão de
encontro a propostas ousadas de sua época, como o “Flower Power” e todos
os discursos diferenciados. Sua teoria passa a ter um forte teor
místico oriental, que é traço também da Beat Generation de Jack Kerouac,
fundador de um movimento literário (de mesmo nome) de sua época. Os
ideais de liberdade e espontaneidade vão de encontro ao discurso hippie
tão vigente. Temos como exemplo, no livro de Ginger & Ginger (1995),
para não deixar de falar de Pelrs e dos gestaltistas, que Perls foi
eleito o “rei dos hippies” por uma comunidade hippie!
Sendo
assim, podemos inferir que o movimento rogeriano (e demais humanistas)
desta época estava engajado nas problemáticas vividas em seu tempo,
sobre a crise que o mundo passava e o processo de reestruturação da paz.
Estas teorias tentavam alcançar horizontes utópicos de ideais de
sociedade que as demais abordagens pareciam não problematizar. Estas
demais abordagens e teorias pareciam colocar o homem de modo
muito
asséptica, distante dos determinantes sociais que influenciam o homem.
As teorias humanistas pareciam ir de encontro a uma proposta de formação
humana mais engajada e explicitamente ativa, negando o determinismo
encontrado nas outras abordagens.
A liberação do
potencial de auto-realização proposta pela ACP seria um processo
inerente a todo ser humano, através do qual se constrói a autonomia e
responsabilidade pela própria vida. O poder de escolha e o grau de
autonomia do homem é reflexo do seu processo de conscientização e
mobilização frente às influências externas, pois estas são responsáveis
pelo bloqueio da capacidade natural humana de se realizar e realizar no
mundo.
Percebe-se que a força motriz da contracultura é
justamente a mobilização pelas transformações libertadoras e
atualizadoras dentro das sociedades. A certeza de que o potencial de
crescimento e transformação está dentro de cada um - e que cabe a cada
um combater a apatia e o conformismo frente às representações
hegemônicas e deterministas que permeiam a vida em sociedade - é um
importante legado da contracultura para a ACP. Assim como o
desenvolvimento de uma consciência mais crítica capaz de romper
paradigmas dominantes e padrões de conduta, proporcionando a
manifestação natural dos potenciais de realização do homem.
Infelizmente,
não tenho tanto conhecimento sobre os fatos. Este post é apenas para
dar o primeiro passo em possíveis aprofundamentos sobre o assunto.
Espero que ele tenha, pelo menos, aguçado a curiosidade de todos!
REFERÊNCIA
CARPINTEIRO,
H. MAYOR, L. ZALBIDEA, M. A. Condiciones del surgimiento y desarrollo
de la Psicología Humanista. Revista de filosofia, 3º época. vol. III
(1990). núm. 3. p. 71-52.
GINGER, S. GINGER, A.- Gestalt- uma terapia do contato , São Paulo: Summus, 1995.
MOREIRA,
V. Revisitando as fases da abordagem centrada na pessoa. Estudos de
Psicologia, Campinas – SP, out-dez, 2010, 27(4), pp. 537-544
AGRADECIMENTO
O Blog Psicoquê? agradece a colaboração de Aline Esashika com a revisão do texto!
AGRADECIMENTO
O Blog Psicoquê? agradece a colaboração de Aline Esashika com a revisão do texto!



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