CONSUMO CARNA(L)VAL
Por
Lorena Bandeira
O carnaval já era uma festa comemorada
na Grécia, antes mesmo da Igreja adotá-la como comemoração. No entanto, foi
através da Igreja que a festa foi denominada de Carnaval, que era o período em
que a carne era consumida pela última vez, antes da Quaresma. No Brasil e no
mundo, diversas festas carnavalescas são realizadas, com um ponto em comum: liberdade
e consumo carnal.
Sim, consumo. Bauman (2008) já apresenta
que o homem vive para o consumo, é um ato natural do homem, o fato de consumir.
O que é novidade é o consumismo que, grosso modo, é caracterizado como o
consumo desnecessário. Para o autor, o consumismo não é evidenciado como um ato
para satisfação de vontades de uma pessoa, unicamente, mas “a um volume e
intensidade de desejos sempre crescentes, o que por sua vez, implica o uso
imediato e a rápida substituição de objetos destinados a satisfazê-la” (BAUMAN,
p.44, 2008).
Substituição: ato de suprir uma coisa
por outra, trocar, mudar. Soa familiar? Carnaval é a festa onde a liberdade de
poder ter vários parceiros, provar de vários corpos, experiências, bebidas,
músicas, de tudo um muito. As relações de Carnaval nos reportam à teoria de
Bauman das relações de bolso e sua liquidez e à teoria da sociedade
hipermoderna de Lipovétsky (2006).
Para o autor, a sociedade tem se
modernizado cada dia mais, pautada num nível de efemeridade cada vez maior, com
um princípio básico: o hedonismo. A individualidade é cada vez mais propagada,
levando-o à busca de satisfações para si, com um nível de intensidade e a
vibração de suas experiências como o fator mais importante, sendo sempre
renováveis. Torna-se uma busca eterna de renovação do presente, da juventude,
sendo o futuro pouco considerado no que diz respeito ao homem hipermoderno.
Quanto mais experiências, maior
renovação, maior efemeridade, mais isso satisfaz o homem hipermoderno e no
Carnaval essas a intensidade dessas características se eleva e seu tempo de
duração diminui. Um relacionamento provisório (ficada) que, em outros períodos
do ano duraram uma noite ou um mês, no Carnaval, duram de cinco segundos a
cinco minutos.
Toda essa efemeridade tem uma relação
forte, claro, com o Id, sim, ele mesmo. Pois no carnaval não existem Pierrôs
(sentimentalismo e ingenuidade). Só Colombinas e Arlequins. É uma festa cheia
de libido, onde o super-ego não tem ingresso garantido, a não ser na
Quarta-feira de Cinzas, onde a ressaca surge e a normalidade do uso das
máscaras do dia-a-dia é retomada.
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Este texto faz parte da que pode ser a última blogagem coletiva do http://scienceblogs.com.br



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