Por Leila Gracieli
Olá,
saudações a todos os leitores do "Psicoquê?". É com muito orgulho que
aceitei o convite para escrever sobre a abordagem comportamental e logo de cara
isto remonta o seguinte desafio: desmistificar a imagem “negativa” que muitos
alunos e profissionais possuem acerca da análise do comportamento. É comum
ouvir por aí que os comportamentalistas não levam em conta os sentimentos nem a
subjetividade do cliente, que não acreditam no amor, nos sonhos e etc... (é tudo
intriga da oposição). Não é bem assim
que acontece. Até porque se a ciência comportamentalista desconsiderasse todos
os aspectos supracitados não seria Psicologia, mas vamos por partes, me
proponho a explicar cada aspecto separadamente e vou iniciar a discussões
esclarecendo o que é a abordagem analítico-comportamental.
Pois muito
que bem, a análise do comportamento ou ‘comportamental’ é o ramo da Psicologia
que se propõe a investigar o comportamento humano como objeto de estudo (AMORIM,
2010). Investigar e criar estratégias de intervenção para realmente ajudar
àquele que busca auxílio na terapia.
Ok. Mas o
que é comportamento? Comportamento, genericamente falando, são as
ações/atividades (respostas) que o indivíduo mantém em interação com
eventos/situações (estímulos) presentes no ambiente. Resumindo, comportamento é
a relação existente entre um estímulo e sua resposta (SKINNER apud SÉRIO, MICHELETTO, ANDERY, 2007).
Todo mundo se comporta o tempo todo e nenhum comportamento é emitido por acaso,
seja ele interpretado como “normal” ou “anormal” ele só está sendo emitido e
mantido porque possui alguma função para a pessoa que se comporta (BANACO, 1994/2001; SANTOS, 2007).
Analisar o comportamento é tarefa do
terapeuta comportamental. Para que seja possível analisar o comportamento, seja
ele problema ou não, Cavalcante (1997) argumenta que é necessário ter a
compreensão da interação existente entre indivíduo e ambiente. Para fazer esta
análise deve-se levar em conta a história da espécie (filogênese), do indivíduo
(ontogênese) e da cultura em que ele encontra-se inserido (ANDERY, MICHELETTO E
SÉRIO, 2007). Calma!! É menos complicado do que parece.
O terapeuta analista comportamental investiga
a história de vida do sujeito, chamada de “repertório comportamental”, a fim de
descobrir desde quando a queixa existe, o que a originou/desencadeou, o porquê
dela ainda existir, como o indivíduo lida com as dificuldades e o que reforça o
problema/queixa. Lembrando que nenhum
comportamento é emitido em vão, seja depressão, ansiedade, pânico, ou etc, tudo
tem uma função e está sendo reforçado de alguma forma.
O terapeuta analítico-comportamental ao
prestar serviços deve possuir embasamento teórico pertinente, dominar os
conceitos propostos pela abordagem, ter consciência de que cada
cliente/indivíduo é único, e possui uma história de vida singular (IRENO, 2007).
Respeitar isso é fundamental em termos de profissão, independente da abordagem.
Pra finalizar
gostaria, muito, de enfatizar que a análise do comportamento como qualquer
outra abordagem da Psicologia visa à resolução da dificuldade do cliente e o
considera como um TODO, indiscutivelmente humano!! Espero que esse texto
introdutório possa fomentar dúvidas nos vossos encéfalos e gerar muitas
discussões para as próximas colunas. Beijos! ^^
Graduanda de Psicologia pela UNESC- Faculdades Integradas de Cacoal
Referências
ANDERY, M.A., MICHELETTO, N., SÉRIO,
T.M. Definição de comportamento. Laboratório de psicologia experimental.
Programa de estudos pós-graduados em psicologia experimental: análise do
comportamento. 2007.
ANDERY, M.A., MICHELETTO, N., SÉRIO, T.M. Modo
causal de seleção por conseqüências e a explicação do comportamento. Laboratório
de psicologia experimental. Programa de estudos pós-graduados em psicologia
experimental: análise do comportamento. 2007.
IRENO, ESTHER e MATOS. Formação de
terapeuta analítico-comportamentais: efeitos de um instrumento para avaliação
de desempenho. Dissertação de mestrado, universidade de São Paulo, 2007.
MATOS, M.A. As categorias formais de
comportamento verbal em Skinner. Instituto de terapia por contingências de
reforçamento. Texto publicado nos anais da XXI reunião anual da sociedade de
psicologia de Ribeirão Preto- 1991, pp. 333-341.



Leila. a abordagem analitico-comportamental é diferente em cognitivo-comportamental? Em que se aproximam, em quais aspectos se divergem? enfim...
ResponderExcluirEuristela
Olá Stela,
ResponderExcluirSão diferentes sim. A Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha com a premissa de que o pensamento controla o comportamento. Identificando seus pensamentos automáticos,crenças intermediárias e centrais é possível mudar seu comportamento. A investigação para ai. A Análise do Comportamento, no entanto, busca também quais são as causas de seu pensamento. Ou seja, não basta saber como o pensamento está influenciando o comportamento, mas é preciso saber o que está te fazendo pensar daquela forma também. Dá uma passo além.
Essa é a diferença básica, mas existem várias. Dê uma olhada neste artigo em que algumas delas são citadas: http://www.comportese.com/2012/05/terapia-comportamental-da-depressao-uma.html